Em
dezembro de 1943,
publicou seu primeiro romance, Perto
do Coração Selvagem.
Escrito quando tinha 19 anos, o livro apresenta Joana como
protagonista, a qual narra sua história em dois planos: a infância
e o início da vida adulta. A literatura
brasileira era
nesta altura dominada por uma tendência essencialmente regionalista,
com personagens contando as dificuldades da realidade social do país
na época. Clarice Lispector surpreendeu a crítica com seu romance,seja
pela problemática de caráter existencial,
completamente inovadora, seja pelo estilo solto, elíptico e
fragmentário. Este estilo de escrita se tornou marca característica
da autora, como pode ser observado em seus trabalhos subsequentes.
Na
época da publicação, muitos associaram o seu estilo literário
introspectivo a Virginia
Woolfou James
Joyce,
embora ela afirme não ter lido nenhum destes autores antes de ter
escrito seu romance inaugural. A
epígrafe de Joyce e o título, inspirado em citação do livro de
Joyce
Retrato,
foram sugeridos por Lúcio
Cardoso após
o livro ter sido escrito. Perto
do coração selvagem ganhou
o prêmio da Fundação
Graça Aranha de
melhor romance de estréia, em outubro de 1944.
Em 1946,
em uma viagem ao Rio
de Janeiro,
lança seu segundo livro O
Lustre.
Em 1964 Clarice
lança dois livros: A
Legião Estrangeira,
uma coletânea de contos, e o romance A
Paixão segundo G.H. .
Ambos os livros foram publicados pela Editora do Autor, liderada
pelos amigos Fernando
Sabino e Rubem
Braga.
Em 1970,
começa a escrever um novo livro com o título de Atrás
do Pensamento: Monólogo com a Vida.
Mais tarde é renomeado de Objeto
Gritante.
Finalmente é lançado em 1973 com
o título definitivo de Água
Viva.
O livro foi sucesso de crítica e público, ao ponto de o
cantor Cazuza o
ter lido 111 vezes.
Durante
a década de 1970, após ser demitida do Jornal
do Brasil (todos
os judeus que trabalhavam na publicação foram demitidos neste
período), a autora começa a traduzir obras do francês e do inglês
para a Editora Artenova. Entre as obras estão contos de Edgar
Allan Poe,
O
Retrato de Dorian Gray de Oscar
Wilde,
dois romances de Agatha
Christie e Entrevista
com o Vampiro de Anne
Rice.
Em 1974,
publicou mais dois livros de contos, novamente pela Artenova: A
Via Crucis do Corpo e Onde
Estivestes de Noite.
A primeira edição deste último foi retirada de circulação porque
foi colocado um ponto de interrogação no título, erroneamente.
Já A
Via Crucis levantou
polêmica com seu alto caráter sexual, e por não ter sido
considerado à altura dos outros trabalhos de Clarice, a
revista Veja e
o Jornal
do Brasil chegaram
a chamar a obra de "lixo".
A
obra de Clarice ultrapassa qualquer tentativa de classificação. A
escritora e filósofa francesa Hélène
Cixous vai
ao ponto de dizer que há uma literatura brasileira A.C. (Antes da
Clarice) e D.C. (Depois da Clarice).
Além
de escritora, Clarice foi colunista do Jornal
do Brasil,
do Correio
da Manhã e Diário
da Noite.
As colunas, que foram publicadas entre as décadas de 60 e 70, eram
destinadas ao público feminino, e abordavam assuntos como dicas de
beleza, moda e comportamento. Em meados de 1970, Lispector começou a
trabalhar no livro Um
sopro de vida: pulsações,
publicado postumamente. Este livro consiste de uma série de diálogos
entre o "autor" e sua criação, Angela Pralini, personagem
cujo nome foi emprestado de outro personagem de um conto publicado
em Onde
estivestes de noite.
Esta abordagem fragmentada foi novamente utilizada no seu penúltimo
e, talvez, mais famoso romance, À
Hora da Estrela.
No romance, Clarice conta a história de Macabéa,
uma datilógrafa criada
no Estado de Alagoas que
migra para o Rio
de Janeiro e
vai morar em uma pensão, tendo sua rotina narrada por um escritor
fictício chamado Rodrigo S.M. O livro descreve a pobreza e a
marginalização no Brasil, temática que pouco aparece ao longo da
sua obra. A história de Macabéa foi publicada poucos meses antes da
morte de Clarice.
Em
artigo publicado no jornal The
New York Times,
no dia 11/03/2005, a escritora foi descrita como o equivalente
de Kafka na
literatura latino-americana. A afirmação foi feita por Gregory
Rabassa, tradutor para o inglês de Jorge Amado, Gabriel García
Márquez, Mario Vargas Llosa e de Clarice.
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