Clarice
Lispector
De
origem judaica, Clarice foi à terceira filha de Pinkouss e de Mania
Lispector. Nasceu na cidade de Tchetchelnik enquanto
seus pais percorriam várias aldeias da
Ucrânia por
conta da perseguição aos judeus durante
a Guerra
Civil Russa de
1918-1921. Chegou ao Brasil quando
tinha dois meses de idade, e sempre que questionada de sua
nacionalidade, Clarice afirmava não ter nenhuma ligação com a
Ucrânia - "Naquela terra eu literalmente nunca pisei: fui
carregada de colo" - e que sua verdadeira pátria era o Brasil.
Sua
mãe morreu em 21 de setembro de 1930 (Clarice tinha apenas 9 anos),
após vários anos sofrendo com as consequências da Sífilis,
supostamente contraída por conta de um estupro sofrido durante
a Guerra
Civil Russa,
enquanto a família ainda estava na Ucrânia.
Clarice sofreu com a morte da mãe, e muitos de seus textos refletem
a culpa que a autora sentia e figuras de milagres que salvariam sua
mãe.
Quando
tinha 15 anos seu pai decidiu se mudar para o Rio
de Janeiro.
Sua irmã Elisa conseguiu um emprego no ministério, por intervenção
do então ministro Agamemnon Magalhães, enquanto seu pai teve
dificuldades em achar uma oportunidade na capital. Clarice estudou em
uma escola primária na Tijuca, até ir para o curso preparatório
para a Faculdade de Direito. Foi aceita para a Escola de Direito na
então Universidade
do Brasil em
1939. Viu-se frustrada com muitas das teorias ensinadas no curso, e
descobriu um escape: a literatura. Em 25
de maio de 1940,
com apenas 19 anos, publicou seu primeiro conto "Triunfo"
na Revista Pan.
Em 1959 se
separou do marido que ficou na Europa e voltou permanentemente ao Rio
de Janeiro com
seus filhos, morando no Leme. No
mesmo ano assina a coluna "Correio feminino - Feira de
Utilidades", no jornal carioca Correio
da Manhã,
sob o pseudônimo de
Helen Palmer. No ano seguinte, assume a coluna "Só para
mulheres", do Diário
da Noite,
como ghost-writer da
atriz Ilka
Soares.
Em 1975 foi
convidada a participar do Primeiro Congresso Mundial de Bruxaria,
em Cali na Colômbia.
Fez uma pequena apresentação na conferência, e falou do seu conto
"O ovo e a Galinha", que depois de traduzido para o
espanhol fez sucesso entre os participantes. Ao voltar ao Brasil,
a viagem de Clarice ganhou ares mitológico, com jornalistas
descrevendo (falsas) aparições da autora vestida de preto e coberta
de amuletos. Porém, a imagem se formou, dando a Clarice o título de
"a grande bruxa da literatura brasileira". Seu próprio
amigo Otto Lara Resende disse sobre a obra de Lispector: "não
se trata de literatura, mas de bruxaria."
Foi
hospitalizada pouco tempo depois da publicação do romance A
Hora da Estrela com câncer inoperável
no ovário,
diagnóstico desconhecido por ela. Faleceu no dia 9
de dezembro de 1977,
um dia antes de seu 57° aniversário. Foi enterrada no Cemitério
Israelita do Caju,
no Rio
de Janeiro,
em 11
de dezembro.
Até a manhã de seu falecimento, mesmo sob sedativos, Clarice ainda
ditava frases para a amiga Olga Borelli.
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