quinta-feira, 24 de março de 2011

AO GÁS


E saio. A noite pesa, esmaga. Nos
Passeios de lajedo arrastam-se as impuras.
Ó moles hospitais! Sai das embocaduras
Um sopro que arrepia os ombros quase nus.
Cercam-me as lojas, tépidas. Eu penso
Ver círios laterais, ver filas de capelas,
Com santos e fiéis, andores, ramos, velas,
Em uma catedral de um comprimento imenso.
As burguesinhas do Catolicismo
Resvalam pelo chão minado pelos canos;
E lembram-me, ao chorar doente dos pianos,
As freiras que os jejuns matavam de histerismo.
Num cutileiro, de avental, ao torno,
Um forjador maneja um malho, rubramente;
E de uma padaria exala-se, inda quente,
Um cheiro salutar e honesto a pão no forno.
E eu que medito um livro que exacerbe,
Quisera que o real e a análise mo dessem;
Casas de confecções e modas resplandecem;
Pelas vitrines olha um ratoneiro imberbe.
Longas descidas! Não poder pintar
Com versos magistrais, salubres e sinceros,
A esguia difusão dos vossos reverberos,
E a vossa palidez romântica e lunar!
Que grande cobra, a lúbrica pessoa,
Que espartilhada escolhe uns xales com debuxo!
Sua excelência atrai, magnética, entre luxo,
Que ao longo dos balcões de mogno se amontoa.
E aquela velha, de bandós! Por vezes,
A sua traîne imita um leque antigo, aberto,
Nas barras verticais, a duas tintas. Perto,
Escarvam, à vitória, os seus mecklemburgueses.
Desdobram-se tecidos estrangeiros;
Plantas ornamentais secam nos mostradores;
Flocos de pós-de-arroz pairam sufocadores,
E em nuvens de cetins requebram-se os caixeiros.
Mas tudo cansa! Apagam-se nas frentes
Os candelabros, como estrelas, pouco a pouco;
Da solidão regouga um cauteleiro rouco;
Tornam-se mausoléus as armações fulgentes.
"Dó da miséria!... Compaixão de mim!..."
E, nas esquinas, calvo, eterno, sem repouso,
Pede-me sempre esmola um homenzinho idoso,

REALISMO/NATURALISMO


COMO DOIS ANIMAIS


Uma moça bonita
de olhar agateado
deixou em pedaços
o meu coração

Uma onça pintada
e seu tiro certeiro
deixou os meus nervos
de aço no chão

Foi mistério e segredo
e muito mais
foi divino o brinquedo
e muito mais
se amar como dois animais

Meu olhar vagabundo
de cachorro vadio
olhava a pintada
e ela estava no cio

Era um cão vagabundo
e uma onça pintada
se amando na praça
como os animais

Alceu Valença



Referencia do texto:
http://literaturaseixas.blogspot.com/

Fragmento do primeiro capítulo de O Ateneu – Raul Pompéia


(...) Poema intencionalmente moral é o mesmo que estátua polícroma, ou pintura em relevo. Apenas uma coisa possível, nada mais; há também quem faça flores, com asas de barata e pernas.
A verdadeira arte, a arte natural, não conhece moralidade. Existe para o indivíduo sem atender à existência de outro indivíduo. Pode ser obscena na opinião da moralidade: Leda; pode ser cruel; Roma em chamas, que espetáculo!
Basta que seja artística. (...)
O meu bom amigo, exagerado em mostrar-se melhor, sempre receoso de importunar-me com uma manifestação mais viva, inventava cada dia nova surpresa e agrado. Chegava ao excesso das flores. A princípio, pétalas de magnólia seca com uma data e uma assinatura, que eu encontrava entre as folhas de compêndio. As pétalas começaram a aparecer mais frescas e mais vezes; vieram as flores completas. Um dia, abrindo pela manhã a estante numerada do salão do estudo, achei a imprudência de um ramalhete. Santa Rosália da minha parte nunca tivera um assim. Que devia fazer uma namorada? Acariciei as flores, muito agradecido, e escondi-as antes que vissem. (...)
Não denunciar nunca é preceito sagrado de lealdade no colégio. os contentores recusaram-se a explicações. Bento Alves negou o braço a exame e curativo; Malheiro, em panos de sal, fingindo-se muito prostrado, oferecia o mais impenetrável silêncio às indagações de Aristarco e protestava esborrachar as ventas a quem caísse na asneira de insinuar o bedelho no que não era de sua conta. 




Referencia do texto:
http://www.graudez.com.br/literatura/realismonaturalismo.html

PAUSA – Mario Quintana


Quando pouso os óculos sobre a mesa para uma pausa na leitura de coisas feitas, ou na feitura de minhas próprias coisas, surpreendo-me a indagar com que se parecem os óculos sobre a mesa.
   Com algum inseto de grandes olhos e negras e longas pernas ou antenas?
   Com algum ciclista tombado?
   Não, nada disso me contenta ainda. Com que se parecem mesmo?
   E sinto que, enquanto eu não puder captar a sua implícita imagem-poema, a inquietação perdurará.
   E, enquanto o meu Sancho Pança, cheio de si e de senso comum, declara ao meu Dom Quixote que uns óculos sobre a mesa, além de parecerem apenas uns óculos sobre a mesa, são, de fato, um par de óculos sobre a mesa, fico a pensar qual dos dois – Dom Quixote ou Sancho? – vive uma vida mais intensa e, portanto mais verdadeira…
   E paira no ar o eterno mistério dessa necessidade da recriação das coisas em imagens, para terem mais vida, e da vida em poesia, para ser mais vivida.
   Esse enigma, eu o passo a ti, pobre leitor.
   E agora?
   Por enquanto, ante a atual insolubilidade da coisa, só me resta citar o terrível dilema de Stechetti:
    “Io sonno um poeta o sonno um imbecile?”
   Alternativa, aliás, extensiva ao leitor de poesia…
   A verdade é que a minha atroz função não é resolver e sim propor enigmas, fazer o leitor pensar e não pensar por ele.
   E daí?
   – Mas o melhor – pondera-me, com a sua voz pausada, o meu Sancho Pança – , o melhor é repor depressa os óculos no nariz.


Referencia do texto:
http://professoraelaine.wordpress.com/2009/01/30/outro-post-bacana/

quarta-feira, 23 de março de 2011

Videos 3


Créditos a mourarth





Créditos a Camila Miranda, Flávia Teodoro, Marília Lourenço e Pedro Varalta, do 2º C da Etec Ourinhos (varalta)





Créditos a ricardoZurc





Créditos a Yuri Benati - LUKE (lukespy)

segunda-feira, 21 de março de 2011

Videos 2

  
Tony Grimmauld



Janaína Kirschner





Créditos a Amanda, Ivna Lins, Marcella, Mariana Pontes e Marina





Créditos a HARD WORK



Para se aprofundar / Questões


01. O realismo foi um movimento de:

a) volta ao passado;
b) exacerbação ultra-romântica;
c) maior preocupação com a objetividade;
d) irracionalismo;
e) moralismo.




02. A respeito de Realismo, pode-se afirmar:

I   – Busca o perene humano no drama da existência .
II  – Defende a documentação de fatos e a impessoalidade do autor perante a obra.
III – Estética literária restritamente brasileira; seu criador é Machado de Assis.

a) São corretas apenas II e III.
b) Apenas III é correta.
c) As três afirmações são corretas.
d) São corretas I e III.
e) As três informações são incorretas.


03. Considerando-se iniciado o movimento realista no Brasil quando:

a) Aluísio de Azevedo publica O Homem.
b) José de Alencar publica Lucíola.
c) Machado de Assis publica Memória Póstumas de Brás Cubas.
d) As alternativas a e c são válidas.
e) As alternativas a e b são válidas.




04. O realismo, como escola literária, é caracterizado:

a) pelo exagero da imaginação;
b) pelo culto da forma;
c) pela preocupação com o fundo;
d) pelo subjetivismo;
e) pelo objetivismo.




05. Podemos verificar que o Realismo revela:

I   – senso do contemporâneo. Encara o presente do mesmo modo que romantismo se volta para o
passado ou para o futuro.


II  – o retrato da vida pelo método da documentação, em que a seleção e a síntese operam buscando um sentido para o encadeamento dos fatos.


III – técnica minuciosa, dando a impressão de lentidão, de marcha quieta e gradativa pelos meandros dos conflitos, dos êxitos e dos fracassos.

Assinale:

a) se as afirmativas II e III forem corretas;
b) se as três afirmativas forem corretas;
c) se apenas a afirmativa III for correta;
d) se as afirmativas I e II forem corretas;
e) se as três afirmativas forem incorretas.




06.[Faap] Machado de Assis filia-se ao estilo de época do:


a) arcadismo
b) romantismo
c) realismo
d) simbolismo
e) modernismo

Para se aprofundar / Questões 2


07.Assinale a única alternativa incorreta:

a) O Realismo não tem nenhuma ligação com o Romantismo.
b) A atenção ao detalhe é característica do Realismo.
c) Pode-se dizer que alguns autores românticos já possuem certas características realistas.
d) O cientificismo do século XIX forneceu a base da visão do mundo adotada, de um modo geral, pelo Naturalismo.
e) O Realismo apresenta análise social.




08.Das características abaixo, assinale a que não pertence ao Realismo:

a) Preocupação critica.
b) Visão materialista da realidade.
c) Ênfase nos problemas morais e sociais.
d) Valorização da Igreja.
e) Determinismo na atuação das personagens.




09.(PUC-PR) Uma das características do Naturalismo é o determinismo. Assinale a alternativa que contém o exemplo correto para essa característica.


a) Determinismo é apresentar a vida como ela é.
b) Determinismo é a tendência de imitar a realidade.
c) O destino das personagens está subordinado às condições de raça, meio e momento histórico.
d) O narrador determina qual é o conflito que viverão as personagens.
e) A paisagem e as personagens obedecem a uma ordem científica.




10.(UNIFAP) A respeito do período realista-naturalista, pode-se dizer que:


a) A noite e a solidão são elementos que norteiam a evasão da alma, ou seja, propiciam o distanciamento do mundo real.
b) As idéias de cunho materialista estão ligadas intimamente a esse período literário, contribuindo para o homem voltar-se para o não-eu. 
c) A realidade exterior é sugerida vagamente, através de uma linguagem simbólica com termos predominantemente abstratos.
d) A produção literária desse movimento literário se alimenta do bucolismo greco-latino; do cromatismo vocabular e do conflito.
e) A temática explorada durante esse estilo de época é marcada pela intensa valorização das classes burguesa e clerical.

Respostas das questões de 1 à 6

As respostas das questões de 1 à 6 você encontra no site:

http://www.coladaweb.com/exercicios-resolvidos/exercicios-resolvidos-de-portugues/realismo-naturalismo

Respostas de 7 à 10

As respostas das questões você encontra nos sites:


Respostas das questões 7 e 8 


http://www.professor.bio.br/portugues/provas_topicos.asp?
topico=Realismo/Naturalismo/Parnasianismo&curpage=4


Respostas das quaetões 9 e 10 


http://vestibular.com.br/exercicio/realismo-e-naturalismo-9

Ela / ASSIS, Machado de, 1839 – 1908

ELA


Seus olhos que brilham tanto,
Que prendem tão doce encanto,
Que prendem um casto amor
Onde com rara beleza,
Se esmerou a natureza
Com meiguice e com primor

Suas faces purpurinas
De rubras cores divinas
De mago brilho e condão;
Meigas faces que harmonia
Inspira em doce poesia
Ao meu terno coração!

Sua boca meiga e breve,
Onde um sorriso de leve
Com doçura se desliza,
Ornando purpúrea cor,
Celestes lábios de amor
Que com neve se harmoniza.

Com sua boca mimosa
Solta voz harmoniosa
Que inspira ardente paixão,
Dos lábios de Querubim
Eu quisera ouvir um -sim-
P’ra alívio do coração!
Vem, ó anjo de candura,
Fazer a dita, a ventura
De minh’alma, sem vigor;
Donzela, vem dar-lhe alento,
“Dá-lhe um suspiro de amor!”




O Almada & outros poemas / Machado de Assis – São Paulo
Globo 1997 – pág 80 (Obras completas de Machado de Assis)

quarta-feira, 16 de março de 2011

Relembrar:

ROMANTISMO (séc. XIX)

- subjetivismo

- sentimentalismo

- amor extremo

- indianismo

- Religiosidade



REALISMO


-> Escola artístico literária do final do século XIX - 1881.

Caracteristicas:

- Cientificismo:

* Positivismo;

* Socialismo;

* Darwinismo;

* Determinismo.

 
 
REALISMO


a) Correntes filosóficas

* Determinismo;

* Pacionalismo;

* Darwinismo;

* Positivismo



b) Características

* Objetivismo

* Impessoalidade

* Descritivismo

* Linguagem simples

* Retrato "aqui/agora"



c) Realismo em portugal

O marco do Realismo em Portugal foi a Questão Coimbrã (As conferências realizadas no Cassino lisbonense)


Poesia (Antero de Quental)

- Temática religiosa

- Crítica Social

- Pessimismo


Prosa (Eça de Queirós)

- Crítica à sociedade portuguesa

- Ironia


Obras: O Primo Basílio

O crime do Padre Amaro


Aprofundamentos:

- Eça de Queirós (continuação) (módulos 6 e 7)


- Machado de Assis (módulo 8)



Características da obra de Machado de Assis

- Psicologismo

- TER versus SER

- Pessimismo

- Ironia

- Linguagem Econômica

- Descritivismo

- Digressão

Obras: Dom Casmurro, Memórias Póstumas de Brás Cubas.


Classicismo,Barroco e Arcadismo

CLASSICISMO


- Camões e "Os Lusíadas"


BARROCO

- Teocentrismo versus Antropocentrismo

- Conflito (uso de antíteses)

- Gregório de Matos

- Pe. Antonio Vieira


ARCADISMO

- Bucolismo

- Pastoralismo

- Inconfidêndia mineira


Humanismo

HUMANISMO


- Pensamento antropocêntrico

- Gil Vicente

Travadorismo

TROVADORISMO - teocentrismo


Cantiga de amor/ sofrimento amoroso. "eu" masculino.

Cantiga de amigo (abandono). "eu" feminino.

Cantiga de escárnio/ maldizer (crítica social).